LUTO | MC Marcinho, o ‘Principe do Funk’, morre no Rio aos 45 anos
Um dos maiores nomes do ritmo no Brasil e um dos criadores do funk melody, artista é autor de hits como 'Glamurosa' e 'Rap do solitário'. Funkeiro morreu de complicações de problemas cardíacos.
Morreu neste sábado (26), no Hospital Copa D’Or, Marcio André Nepomuceno Garcia, o MC Marcinho. A informação foi confirmada pela unidade de saúde, às 9h38.
Conhecido como o Príncipe do Funk, um dos maiores nomes da história do ritmo no Brasiltinha 45 anos e sofria de problemas no coração. Marcinho deixa três filhos.
Estava no CTI desde 10 de julho, após sofrer uma parada cardíaca. Desde então, os médicos vinham tentando salvá-lo com diversos procedimentos, como a implantação de um coração artificial e o uso da Ecmo, uma espécie de pulmão artificial externo. Neste sábado, ele não resistiu.
Príncipe do funk
MC Marcinho é um dos criadores de um estilo de funk dançante e muito popular, o chamado funk melody. É autor de grandes sucessos como “Glamurosa”, “Rap do solitário”, “Porque te amo”, “Vou catucar”, “Tudo é Festa” e “Garota nota 100”.
O artista é da geração de funkeiros que estourou nos anos 1990, época do auge da Furacão 2000. Frequentou festas e programas de auditório ao lado do DJ Marlboro, Claudinho e Buchecha, Copacabana, Latino, entre outros. Juntos, levaram o funk a todo o país.
Seu primeiro sucesso foi o “Rap do solitário” (“Amor, por que você me trata assim? / Apenas quero te fazer feliz…”). Popularizou o funk com letras que contavam o dia a dia da juventude das favelas e periferias do Grande Rio.
“Minha geração eu acho que as letras eram mais bem elaboradas, eram uma letra mais consciente e tal”, disse à TV Globo.
‘Marcinho de Bangu’
Marcinho nasceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e trocou o sonho de ser jogador de futebol para virar MC. Na adolescência, foi morar em Bangu, na Zona Oeste da capital, e nunca mais saiu. “Aqui encontrei a minha felicidade”, dizia.
Ao lado de um dos muitos parceiros da carreira, Bob Rum, cantou em “Zona Oeste” a identificação com o bairro: “Eu sou Marcinho de Bangu / Sou Bob Rum de Santa Cruz…”.
‘Glamurosa’: inspirada em Xuxa e sucesso nacional
O sucesso no início dos anos 1990 foi impulsionado por programas de TV como o da Xuxa e de Regina Casé.
Em entrevista ao jornalista Pedro Bial, em 2022, chegou a se emocionar a falar da gratidão às duas apresentadoras, e explicou por que “Glamurosa” é inspirada na “Rainha dos Baixinhos” – a letra cita: “Glamurosa, rainha do funk / Poderosa, olhar de diamante”.
“O ‘rainha do funk” tem a ver com a Xuxa, né? Porque ela é nossa rainha. Era considerada a rainha dos baixinhos, mas ela é a rainha do funk. Ela foi uma das primeiras a bater no funk que era funkeira, que não tinha preconceito e levava todos os MCs, os artistas do funk em seu programa”, lembrou. “Eu chego a ficar emocionado porque sou muito grato (…) Eu passei a ser um cara conhecido no Brasil todo e até mesmo fora do Brasil justamente por causa do programa da Xuxa e por causa do programa da Regina Casé.”
Na letra de “Glamurosa”, ele também deixava claro que gostava de ser referência quando o assunto era romantismo, em meio a um gênero muitas vezes estereotipado por funks de apologia à violência e com excesso de sexualidade: “Se quiser falar de amor, fale com o Marcinho“.