ALESSANDRA CÂMARA | Proposta, que faz parte do plano de Recuperação Judicial da empresa Casas Goiânia, foi aprovada em assembleia, na Acieg
Os credores da Casa Goianita aprovaram em assembleia a proposta de pagamento aos credores, que consta do plano de Recuperação Judicial (RJ) da empresa, elaborado pela empresa 2C Turnaround Consulting & Associates, nesta quinta-feira (5), no auditório da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg). Os pagamentos começarão logo após o juiz da 21ª Vara Cível de Goiânia, Marcelo Pereira de Amorim, homologar a aprovação do Plano de Recuperação Judicial.
A advogada Andrea Rodrigues Rossi – uma das sócias do escritório Rossi, Vicentin & Melo Advogados Associados, que propôs a RJ constando toda a relação de credores e que é responsável pela condução técnica do processo na parte jurídica – destaca que essa foi uma importante passo no processo de recuperação judicial, que visa o soerguimento das empresas. Ela informa que a assembleia contou com a presença de 39 credores, que juntos somam mais de 90% da dívida de R$ 22 milhões das empresas.
A assembleia, convocada pela justiça para a aprovação da proposta de pagamento, foi realizada nesta quinta-feira (5) e contou com uma participação significativa de credores. “O plano foi aprovado por mais de 70% dos credores presentes em termos de valor da dívida”, explica a Andrea Rodrigues Rossi. “Com relação ao pagamento, os credores receberão de acordo com as condições específicas de cada categoria conforme previsto no plano que foi aprovado”, completa a advogada.
Para relembrar o caso
As empresas que integram o Grupo Alvarenga, responsável pela operação da Casa Goianita, protocolaram no mês de fevereiro deste ano um pedido de Recuperação Judicial (RJ), que foi deferido em dois dias, visando a reestruturação do passivo e liquidez, adequando à capacidade de pagamento do Grupo. O passivo é objeto do Plano de Recuperação Judicial, que foi apresentado em abril, respeitando os prazos da Lei de Recuperação Judicial e contemplando uma proposta de pagamento aos credores, que teria de ser submetida à aprovação em assembleia pelos mesmos.
Segundo os advogados Andrea Rodrigues Rossi, Eduardo Vicentin de Macedo e Júlio Sérgio de Melo Júnior, responsáveis pela condução técnica do processo na parte jurídica, destacam que a empresa sempre empenhou todos os esforços para manter e expandir os negócios, ao longo de décadas, enfrentando mudanças de planos econômicos, hiperinflação, recessão na economia, pandemia da Covid-19, acontecimentos que conduziram para o atual momento de crise e necessidade de ingressar com o pedido de Recuperação Judicial.
O advogado Eduardo Vicentin de Macedo informa ainda que o Grupo está rigorosamente em dia com todas as obrigações perante seus colaboradores, todos os postos de trabalho foram mantidos e não houve o fechamento de nenhuma unidade por força da recuperação judicial. O advogado Júlio Sérgio de Melo Júnior acrescenta que o Grupo Alvarenga passa por um processo de reestruturação consultiva, administrativa e financeira, através do instituto da recuperação judicial.
Fatores que levaram ao pedido de RJ
A crise e o passivo não iniciaram na época da pandemia, mas houve um agravamento, de acordo com o escritório Rossi, Vicentin & Melo Advogados Associados. Recordam ainda que ao longo dos 71 anos, o Grupo Alvarenga enfrentou mudanças de planos econômicos, hiperinflação e recessão na economia. “A empresa sempre envidou todos os esforços para manter e expandir os negócios. Alguns acontecimentos conduziram para o atual momento de crise e necessidade de ingressar com o pedido de Recuperação Judicial”, explica.
Entre os fatores apontados pelos advogados está a concorrência com outras varejistas, o que levou a empresa a diversificar os tipos de produtos que vendia, para atender seus clientes. Além disso, o mercado já dispunha de vários concorrentes que também atuavam no segmento. O Grupo também enfrentou grave crise e problemas econômico-financeiros, em razão da grande crise financeira mundial no final de 2008, e a drástica queda da demanda de produtos e serviços no Brasil nos anos seguintes.
Outro fator foi a abertura de novas unidades. O Grupo Alvarenga expandiu suas unidades passando a ter lojas em diversos bairros em Goiânia – Setor Sul, Jardim Goiás, Setor Bueno, Setor Marista, Parque Amazônia e Campinas. A cada nova loja aberta gerava-se nova demanda de recursos para reforma do local e capital de giro para suportar os custos fixos e variáveis do ciclo econômico e financeiro do negócio. “Estas demandas de capital forçaram o grupo econômico a se alavancar cada vez mais, tomando empréstimos junto às instituições financeiras e aumentando o endividamento”, esclarece a advogada Andrea Rodrigues Rossi.
A pandemia da Covid 19 também agravou a situação financeira. “A pandemia forçou o mundo, pela primeira vez em mais de 100 anos, a paralisar completamente as atividades produtivas não essenciais, incluindo lojas de presentes e utilidades domésticas. As medidas sanitárias de restrição e circulação, geraram a paralisação do Grupo por meses, o que acarretou enorme redução de receita, explicam os advogados.
Além das vendas no varejo, a pandemia da Covid 19 também impactou nas vendas para os seus dois principais nichos de mercado, que também foram diretamente impactados pela pandemia: casamentos e o segmento de bares, restaurantes e hotelaria. Outra consequência provocada pela pandemia da Covid 19, que provocou mudanças na forma de consumo e uma migração para compras on-line. “A empresa que vendia principalmente de forma física teve que investir muito no e-commerce, mas a concorrência com as gigantes varejistas no comércio on-line é desigual”.
O Grupo, que já possuía contratos e empréstimos bancários vigentes, ficou descapitalizado para o pagamento das parcelas mensais, principalmente em virtude do prazo médio para amortização das dívidas, e para o custeio da operação das lojas.
“Diante desse cenário, o Grupo Alvarenga, para continuar honrando pontualmente os compromissos assumidos com seus colaboradores e fornecedores, como sempre fez ao longo desses 71 anos, acabou aumentando o seu endividamento. E com o aumento da inflação, consequentemente a Taxa Selic também subiu, o que impactou diretamente o crédito bancário utilizado para manter a operação do Grupo. Assim o custo do serviço da dívida, ou seja, o montante pago de juros mensalmente subiu vertiginosamente”, conclui a advogada.
Crédito: divulgação