Infectologista da Maternidade Dona Iris alerta gestantes para os riscos da dengue durante a gravidez
Médica afirma que a doença pode trazer agravantes sérios tanto para a mãe como para o bebê
A dengue é uma preocupação constante em regiões tropicais e subtropicais, representando um desafio ainda maior quando se trata de gestantes e seus bebês. A infectologista pediátrica do Hospital e Maternidade Dona Iris, Roberta Rassi, destaca que um estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e divulgado em 2023, mostrou que mulheres grávidas diagnosticadas com dengue têm um risco cinco vezes maior de desenvolver a forma grave da doença do que as não grávidas.
A pesquisa avaliou mais de 27 mil casos de dengue em mulheres notificados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. O estudo mostrou que o risco de desenvolver dengue grave foi 5,4 vezes maior em grávidas, enquanto o risco de hospitalização foi 2,93% maior. O risco de hospitalização foi cerca de 3 vezes maior em grávidas do que em não grávidas. Das não grávidas, 6,8% foram hospitalizadas, 1,8% teve dengue com sinais de alarme, de gravidade intermediária, e 0,1%, dengue grave.
Segundo a infectologista, a forma grave da doença pode acarretar complicações como sangramentos, sofrimento fetal, parto prematuro, baixo peso do recém-nascido e até mesmo óbito tanto para a mãe quanto para o feto. “A dengue pode afetar significativamente o desenvolvimento fetal e a saúde da mãe durante a gravidez”, alerta Roberta. “Complicações como parto prematuro, baixo peso ao nascer, abortamento e óbito neonatal podem resultar da infecção por dengue durante a gestação”, pontua a especialista.
Quando questionada sobre estágios específicos da gestação em que os riscos são mais elevados, a médica enfatiza que a dengue na gestação oferece riscos em todos os trimestres, requerendo cuidados adicionais ao longo de toda a gravidez. “Os sintomas da dengue são muitas vezes confundidos com sintomas comuns da gravidez, o que pode dificultar o diagnóstico. Gestantes devem estar atentas a sinais como febre, náuseas, vômitos, dor no corpo e nas articulações, além de dor de cabeça”, destaca Roberta.
Para reduzir o risco de contrair dengue durante a gestação, a infectologista recomenda o uso de repelentes durante toda a gravidez, não apenas para prevenir a dengue, mas também outras arboviroses como a zika e a chikungunya. Além disso, medidas de barreira contra o mosquito, como o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo e a instalação de telas em janelas, são essenciais.
“Em caso de infecção por dengue durante a gravidez, a gestante deve procurar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para a realização de exames e início do tratamento. Dependendo do estágio da doença, ela pode ser encaminhada para uma maternidade de referência para acompanhamento especializado”, orienta.
Dengue em Goiás
Em Goiás, só este ano já foram confirmados 13.287 casos de dengue, conforme dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O número já é maior que os casos confirmados durante todo o ano de 2023, que registrou 10.163 casos. Também estão confirmados 930 casos de chikungunya e 59 casos de zyka, ambas as doenças representam grandes riscos tanto para as gestantes como para o feto.