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Alimentos ultraprocessados: uma ameaça à saúde pública no Brasil?

Especialista fala sobre pesquisa recente e forma de conduzir uma vida com mais qualidade, prevenindo mortes prematuras

Um estudo recente conduzido por pesquisadores de várias instituições, incluindo o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), Fiocruz, Unifesp e Universidade de Santiago do Chile, revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados está associado a um alto número de mortes prematuras no Brasil, aproximando-se de 57 mil por ano.

Quem explica sobre estes tipos de alimentos é o médico intensivista e nutrólogo José Israel Sanchez Robles. Segundo o especialista, os alimentos ultraprocessados, caracterizados por sua composição rica em ingredientes químicos, gorduras saturadas, açúcares refinados e aditivos artificiais, apresentaram um aumento médio de 5,5% no consumo entre 2008 e 2017, conforme indicado por um estudo realizado pelo Nupens/USP.

“Uma nova revisão de 45 estudos, publicada recentemente na revista científica ‘The BMJ’, destacou a preocupante associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e um significativo aumento no risco de uma variedade de problemas de saúde. Os resultados desta revisão, que analisou um total de quase 10 milhões de indivíduos, revelam que o consumo desses alimentos está correlacionado com um aumento de 50% no risco de morte relacionada a doenças cardiovasculares. Além disso, foi observado um aumento de 53% nos transtornos mentais comuns e 48% na prevalência de ansiedade”, explica o especialista.

“Além disso, as pesquisas revelaram um risco 12% maior de desenvolver diabetes tipo 2 a cada aumento de 10% na ingestão desses alimentos. Essa associação é atribuída ao consumo frequente e em grande quantidade de alimentos ultraprocessados, que tendem a conter níveis elevados de nutrientes prejudiciais, como açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Esses padrões alimentares aumentam significativamente o risco de desenvolvimento de doenças crônicas”, reforça José Israel.

Para o médico, a perda da cultura alimentar local em favor da globalização da cultura fast food também é mencionada como um fator contribuinte para o aumento do consumo desses produtos, que são convenientes, palatáveis e muitas vezes acessíveis em qualquer lugar. “No entanto, os estudos evidenciam os impactos negativos desses alimentos na saúde. Esses resultados reforçam a necessidade urgente de políticas públicas e intervenções para reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e promover hábitos alimentares mais saudáveis”, diz José Israel.

O médico pontuou que foram cerca de 32 doenças obtidas pelos pacientes e relacionadas ao estudo, entre elas, câncer, doenças cardiovasculares, leucemia linfocítica crônica, ansiedade, transtornos mentais comuns, depressão, asma, chiado no peito, hipertensão, doença de Crohn, hiperglicemia, doença hepática gordurosa, diabetes tipo 2 e obesidade.

Para prevenir estas e tantas outras doenças, José Israel lembra que ações individuais, como reduzir a frequência quanto a quantidade dos alimentos ultraprocessados na dieta, priorizando o consumo de alimentos naturais e minimamente processados são recomendadas. “A alimentação desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e na qualidade de vida. Aliada à prática regular de exercícios físicos, contribui significativamente para aumentar a longevidade e o bem-estar geral”, conclui o médico.

Redação GOYAZ

Redação: Telefone (62) 3093-8270

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