Tebet volta a defender autonomia do BC, após novas críticas de Lula a Campos Neto
Ministra diz que contar, por dois anos, com um presidente nomeado por outro governo é motivo causador de “estresse"
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, voltou a defender a autonomia do Banco Central (BC) nesta terça-feira (2) após novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao chefe do banco, Roberto Campos Neto.
No entanto, Tebet também disse que “causa estresse” ter, por dois anos, um presidente do BC nomeado pelo governo anterior – segundo a legislação, o mandato do presidente do BC tem duração de quatro anos, com início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do presidente da República.
“Eu apoio a autonomia do Banco Central. Acho que é saudável a autonomia, mas eu questionei esses dois anos de um presidente de um Banco Central de [um] governo passado. Acho que um ano é mais do que suficiente. É o tempo de se adequar e passar o bastão”, disse a ministra após participar de sessão no Senado.
“Mas, realmente, dois anos, eu acho que cria esse estresse, cria esse ruído”, acrescentou a ministra.
Lula diz que Campos Neto dirige BC “com viés político”
Mais cedo, em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador, o presidente Lula declarou que o BC pertence ao Estado brasileiro e não pode estar a serviço do mercado. “O Banco Central é um banco do Estado brasileiro, para cuidar da política monetária. Ele não pode estar a serviço do sistema financeiro. Ele não pode estar a serviço do mercado.”
O petista também afirmou que Campos Neto dirige o banco “com viés político”. “Definitivamente, eu acho que ele tem um viés político, mas eu não posso fazer nada, porque ele é o presidente do BC, tem mandato. Eu tenho que esperar terminar o mandato e indicar alguém”, concluiu o petista.