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NATUREZA 🌲 l Após 200 anos, Mata Atlântica vê chance de parar de encolher e voltar a crescer

Hoje, há pouco mais de 10% de mata primária preservada, o restante sendo áreas desmatadas ou em regeneração

A história da Mata Atlântica se confunde com a do Brasil após a declaração da Independência. No período colonial, apesar da pressão dos ciclos do pau-brasil, da cana-de-açúcar e do ouro, a maior parte do bioma ficou preservado. No Império e na República, porém, o desmatamento foi brutal. Hoje, 200 anos depois, essa floresta finalmente vê a chance de parar de encolher e começar a crescer.

Cabral conta como a cana começou a impulsionar o desmate para produção de lenha necessária ao cozimento do caldo de açúcar.
— A cana precisava de certas condições ambientais para crescer, principalmente umidade, e ficou restrita na maior parte do tempo da área colonial à costa — explica.
A interiorização do desmatamento se intensificou no fim do ciclo canavieiro, com a explosão do café até Itu (SP) e depois em outras regiões.
— De 1830 a 1840, a economia do café no Vale do Paraíba já era fortíssima, desmatando muito e rapidamente. Isso se potencializou ao longo do século XIX, sobretudo em sua parte final— diz.

— O Ribeira teve um ciclo de produção de chá. E, antes de Santos, o principal porto de São Paulo ficava lá, em Iguapé. O pessoal tirou parte da floresta, principalmente madeira voltada para produção de energia — diz David Canassa, diretor da divisão de reservas da Votorantim, dona de 31 mil hectares preservados lá.
Quando a devastação começou a se ampliar no vale, o fundador da empresa, Antônio Pereira Inácio, decidiu comprar terras ali. Logo em seguida, o governo paulista passou a criar parques.
A floresta particular da Votorantim, batizada de “Legado das Águas”, tinha como função original garantir a captação hídrica para as usinas hidrelétricas do grupo, geradoras de energia para produção de alumínio. Com a nova Lei da Mata Atlântica, em 2006, a floresta nativa passou a ser legalmente protegida, e a empresa pensou em vender 90% do território.
A decisão, porém, foi manter a propriedade e criar uma reserva particular, há dez anos aberta para pesquisa, ecoturismo e produção de sementes. Ali encontrou-se uma nova população de muriqui (o maior macaco das Américas, em vias de extinção) e redescoberta a orquídea Octomeria estrelensis, dada como extinta.
Hoje a empresa articula projetos de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) e REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Outra iniciativa é surfar a onda do reflorestamento, promessa da década.

Redação GOYAZ

Redação: Telefone (62) 3093-8270

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