Goiás
ESTADO 🏙 Academia Goiana de Letras comemora os 100 anos de Bariani Ortêncio
Um fato inédito e histórico, da entidade tradicional, com 83 anos de existência, homenagear dois de seus acadêmicos que tem 99 anos e vão completar o centenário em 2023, está sendo anunciado pela Academia Goiana de Letras (AGL), criada no dia 29 de abril de 1939. A intenção, conforme ressalta o presidente, escritor Ubirajara Galli, é reconhecer o importante trabalho pela educação e pela cultura que os acadêmicos Waldomiro Bariani Ortêncio e Ana Braga realizaram ao longo de suas vidas, e homenageá-los enquanto estão vivos, lúcidos, produzindo e marcando a convivência com suas presenças, simpatia e sabedoria.
A primeira homenagem será nesta quinta-feira, dia 25, às 17h, no Instituto Cultural e Educacional Bariani Ortêncio, na rua 82 nº 565, setor Sul, em Goiânia, onde o escritor reside. Com a iniciativa, a AGL abre as comemorações da Centenária Trajetória do acadêmico Bariani Ortêncio, autor de 51 livros e que se destacou como escritor, ensaísta, pesquisador, memorialista, contista, cronista, romancista, ficcionista, folclorista, pensador, intelectual, letrista, produtor cultural, articulista, jornalista, ativista, literato, administrador, conferencista e orador. Será saudado pela acadêmica Lêda Selma de Alencar, com interpretação musical a cargo de Júlia Franco.
A centenária trajetória de Bariani
Paulista de Igarapava, onde nasceu em 24 de julho de 1923, filho de Josefina Bariani e Antônio Ortêncio, Bariani Ortêncio iniciou os estudos primários em 1930 e no ano seguinte conseguiu seu primeiro emprego, nas Casas Pernambucanas.
Em 1938, mudou-se com a família para Goiânia, capital de Goiás que estava em construção, em cujo Liceu se matriculou e cursou o ginasial e o científico. Em 1941, entrou para o Tiro de Guerra. Em 1948, ingressou na Faculdade de Odontologia, mas não concluiu o curso.
Estabeleceu-se como comerciante no bairro de Campinas, com o Bazar Paulistinha, uma loja de discos, com a qual se firmou no meio cultural e na atividade comercial. Por esse tempo, também foi proprietário de um Cursinho Preparatório e goleiro do Atlético Clube Goianiense.
Ao longo de sua vida, exerceu diversas outras atividades, como alfaiate, professor de Matemática, comerciante, fazendeiro, industrial e minerador.
Iniciou-se como escritor ainda na infância, em Itaperava, SP, no jornal estudantil “O Chicote”. Em Goiânia, tão logo matriculou-se no Liceu, passou a escrever para o jornal estudantil da escola.
Durante um período de mais de dois anos, redigiu crônicas para a Rádio Clube de Goiânia, às vezes, também, publicadas no jornal “Folha de Goyaz”.
Publicou seu primeiro livro em 1956, “O que foi pelo Sertão”, pela Editora Autores Novos, de São Paulo, com o qual conquistou o prêmio Americano do Brasil, da Academia Goiana de Letras, instituição que o aceitaria como membro cinco anos depois, para a Cadeira nº 9, cujo patrono é justamente o escritor Antônio Americano do Brasil e que foi fundada por Pedro Cordolino Ferreira de Azevedo.
Seguiram-se os livros: “O Sertão – O Rio e a Terra”, contos, 1959, e “Sertão Sem Fim”, 1965, ambos pela Ed. Livraria São José, do Rio de Janeiro; “A Cozinha Goiana”, Ed. Brasilart, Rio, 1967; “Vão dos Angicos”, 1969, e “Força da Terra”, 1974, ambos pela Ed. José Olympio, Rio; “Morte Sob Encomenda”, 1974, e “Dr. Libério, o Homem Duplo”, 1975, ambos pela Ed. M.M (CBS), SP; “Estórias dos Crimes e do Detetive Lopes”, 1981, e “Dicionário do Brasil Central”, com mais de 1.000 verbetes do linguajar usado na região, 1983, ambos pela Ed. Ática, SP; “O Enigma do Saco Azul”, 1985, e “Aventura no Araguaia”, 1987, ambos pela Ed. Atual, SP; “Meu Tio-Avô e o Diabo”, 1993, Ed. Estação Liberdade, SP; “Medicina Popular do Centro-Oeste”, 1994, Ed. Thesaurus, Brasília; “João do Fogo” (Infanto-Juvenil) Ed. Kelps, Goiânia, 1996; “Cartilha do Folclore Brasileiro”, 1997, Ed. UCG, Goiânia; “O Homem que Não Teimava”, 1998; “Caminho da Liberdade”, 2000; “A Fronteira – Revolução Constitucionalista de São Paulo – 1932 – Minha Vida de Menino” e “Crônicas”, ambos de 2005.
Como compositor, é autor de numerosas músicas; teve suas primeiras canções gravadas a partir de 1957, por diversos intérpretes, como Irmãs Santos, Duo Paranaense, Trio da Vitória, Duo Estrela D’Alva e Duo Guarujá, entre outros. Em 1960, por ocasião da inauguração da nova capital do Brasil, a Orquestra e Coro RGE gravou a marcha “Brasília Vinte e um de Abril”, de sua autoria exclusiva, e, no mesmo disco, a marcha “Brasília a Capital da Esperança”, composta em parceria com Henrique Simonetti e Capitão Furtado.
Detentor dos prêmios Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, da Prefeitura Municipal de Goiânia, Bolsa de Publicações José Décio Filho, do Governo do Estado de Goiás, e Prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. Em abril de 1968 recebeu o título de Cidadão Goiano, concedido pela Assembleia Legislativa de Goiás.
Também é membro da Academia Goianiense de Letras (Cadeira nº 23) e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (Cadeira nº 46), que tem como patrono o padre Manuel Aires de Casal; da União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás, da qual foi presidente, em 1966; da Comissão Nacional do Folclore e da Associação Goiana de Imprensa, além de outras agremiações sociais, culturais e de classe, como a Comissão Goiana de Folclore, Conselho Estadual de Cultura, 1972, Ordem Nacional dos Bandeirantes e Sociedade Geográfica Brasileira.
Em 12 de abril de 2013, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Goiás.
Em 15 de março de 2017, em evento realizado no Palácio das Esmeraldas, sede do Governo estadual, lançou uma coletânea de quatro títulos: “O crime do mordomo e outros crimes… de humor”, “Chão Bruto”, “Conversando com os mitos do folclore brasileiro” e “Ficção Longa de Bariani Ortencio”. Na ocasião, sentiu-se mal e foi socorrido no Hospital Anis Rassi.