Alerta: mergulho em água rasa é uma das maiores causas de deficiências
Neurocirurgião especialista em coluna, Túlio Rocha alerta que o problema é sério e pode causar danos irreparáveis, como a tetraplegia
Durante as férias de julho, muitos goianos buscam descanso, lazer e diversão nas praias do Rio Araguaia. Outros vão curtir as férias em balneários como Pirenópolis, Chapada dos Veadeiros, Caldas Novas, entre outros destinos turísticos que existem em Goiás. E para evitar que a diversão se torne tragédia, o neurocirurgião especialista em coluna Túlio Rocha alerta para o risco de acidentes. O mergulho em águas rasas é uma das maiores causadoras de deficiências.
O Rio Araguaia, por exemplo, é cheio de bancos de areia. Por isso, é necessário ter cuidado e evitar saltar de cabeça na água. O mesmo ocorre em cachoeiras e outros balneários. É recomendável ainda ficar atento com saltos em beiradas de piscinas e trampolins. De acordo com a Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), a maior parte das vítimas deste tipo de acidente é jovem: 90% têm faixa etária de 10 a 25 anos.
A consequência mais recorrente é a tetraplegia, em que os pacientes perdem os movimentos do pescoço para baixo. E o trauma da lesão medular por acidente de mergulho pode vir ainda acompanhado por um traumatismo craniano. Diferentemente de outras deficiências, a prevenção do mergulho mal calculado pode evitar 100% dos casos de deficiência física.
Entre as consequências que o mergulho em águas rasas pode causar, o neurocirurgião Túlio Rocha lista algumas: paralisia de pernas e braços; danos para coluna vertebral, lesões como fratura e luxação, problemas neurológicos, trauma de crânio, fraturas nas mãos e pés.
Cuidados que podem ser tomados
Para aproveitar o lazer e curtir o passeio com segurança e responsabilidade, o médico Túlio Rocha explica que existem formas de evitar surpresas desagradáveis que podem levar a tragédias aquáticas. Ele destaca que é preciso conhecer a profundidade do local, principalmente em lugares que possuem pedras, como rios, cachoeiras, bancos de areia e o costão do mar. É recomendável observar se há salva-vidas por perto, caso não tenha, pedir para familiares ficarem atentos e evitar ir longe ou no fundo.
Já para as piscinas, é importante observar se o motor está desligado, assim evitará problemas de sucção. Crianças sempre devem estar supervisionadas por um adulto e não se deve superestimar as habilidades, caso não saiba nadar, não vá para o fundo. Outro cuidado necessário é referente a ingestão de bebidas alcoólicas e alimentos pesados antes de entrar na água, hábito relevante para acidentes e até mesmo a má digestão.
Assistências às vítimas
Deve-se ter muito cuidado ao querer ajudar neste momento, pois uma manipulação realizada de forma incorreta pode piorar a lesão, alerta o médico Túlio Rocha. A vítima deve ser salva e levada para fora da água para prevenir o afogamento e aguardar a chegada da equipe médica especializada no atendimento de emergências.
Recomenda-se pedir ajuda se presenciar um evento semelhante. No hospital, os médicos especializados irão avaliar e recomendar o melhor tratamento. Em casos leves, colares podem ser indicados e em situações mais graves a cirurgia pode ser a única solução.
Os sinais ou sintomas de lesão na coluna após acidente de mergulho incluem dor local com eventual irradiação para os membros superiores. “Podem incluir náuseas, cefaleia, tonturas, fraqueza ou incapacidade de mover os braços, ou pernas. Pode também ocorrer formigueiro ou dormência nos membros e lesão na área abaixo da zona atingida. É frequente observar-se também sintomas como estado de consciência alterado, dificuldades respiratórias, perda de controle da bexiga ou do intestino”, pontua o neurocirurgião.
Túlio Rocha lembra ainda que os sinais vitais precisam ser checados, ou seja, respiração, batimentos cardíacos e nível de consciência. “Caso a pessoa esteja sonolenta, ou comece a ficar mole, respondendo pouco, é importante levá-la a um serviço de urgência em hospital. Nesse momento a avaliação médica é de extrema importância, especialmente se houve pancadas na cabeça.”
No caso de crianças que apresentam dor de cabeça e vômitos também é importante levá-la ao médico o mais rápido possível. “No momento do acidente todos querem ajudar, mas é preciso ter muito cuidado, pois a manipulação realizada incorretamente pode piorar qualquer tipo de lesão”, destaca o neurocirurgião.
CUIDADOS A SEREM TOMADOS
– Não mergulhe em águas turvas ou desconhecidas.
– Não mergulhe após ingerir bebida alcoólica ou outras substâncias que atrapalhem os reflexos.
– Evite empurrar os amigos para dentro da água.
– E cuidado ao tentar ajudar uma pessoa que sofreu este tipo de lesão: mexer a cabeça poderá piorar a lesão.
– O mais importante é imobilizar e chamar ajuda médica para adequada avaliação.