Por: Christiano Pereira
Da Redação
O evento realizado pelo Partido Liberal ontem, quinta (04), no Parque de Exposições Agropecuário de Goiânia, com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixou indícios sobre as articulação e aproximação do governador Ronaldo Caiado (União) na tentativa de viabilizar candidatura ao Planalto com a chancela do ex-mandatário do país.
A começar pelo fato de Bolsonaro explicitar que “ainda não foi sepultado”. Nas entrelinhas, essa afirmação revela que o ex-presidente não se deu por vencido de que será impedido de concorrer à eleição presidencial e que acredita em reviravoltas no sistema judiciário.
Entenda
Entre os dias 22 e 30 de junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil julgou uma ação judicial que tornou Bolsonaro inelegível por 8 anos por maioria de votos (5 a 2) e determinou a cassação da chapa Bolsonaro–Braga Netto, acusada de abuso do poder político e de uso indevido dos meios de comunicação, após uma reunião com embaixadores estrangeiros, em 18 de julho de 2022.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) interpôs recurso extraordinário pedindo a revisão da inelegibilidade declarada pelo TSE. Caberá à corte eleitoral, porém, examinar se o pedido irá para o Supremo Tribunal Federal (STF).
A prevalência de Tarcísio de Freitas
Outro fator que pesa em desfavor de Caiado é que, além de Bolsonaro ter maior proximidade com o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), pesquisas com eleitores do ex-presidente revelaram que o nome que tem despontado com mais força para herdar votos é justamente o do chefe do Executivo paulista.
Tarcísio é visto por aliados de Bolsonaro como o político mais competitivo para representar a direita na disputa pelo Palácio do Planalto.
Os motivos são: projeção nacional por comandar o Estado mais influente do país; intensa identificação com o bolsonarismo, já que foi ministro da Infraestrutura durante todo o governo Bolsonaro e disputou o governo paulista com apoio do ex-presidente; e, ao mesmo tempo, uma postura vista como mais moderada, que dialoga melhor com a arena conservadora mais tradicional.
Porém, em julho de 2023, o governador de São Paulo comunicou diretamente ao ex- que “não pretende” se candidatar a presidente em 2026.
Articulações
Caiado articulou sem sucesso junto ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e com o próprio Bolsonaro, apoio ao pré-candidato à Prefeitura de Goiânia, o empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel.
Ambos partidos (União e PL) deverão ser adversários políticos nos maiores colégios eleitorais de Goiás: Goiânia, Aparecida e Anápolis. O que pode conectar os dois partidos é apoio num provável segundo turno em Goiânia – caso Mabel esteja no páreo e Gustavo Gayer fique de fora neste cenário – ou vice-versa.
Pró-Caiado
Levantamento do Paraná Pesquisas aponta Caiado com 7,7% de intenções de voto para presidência da República, em empate técnico com Simone Tebet (MDB) (9%), ministra do governo Lula à frente da pasta Planejamento de Orçamento.
O cenário muda drasticamente a favor de Caiado quando o proposto é apoio direto de Bolsonaro. Neste estimulado, o governador de Goiás chega a 32,6%. “Se a gente conseguir, pelo menos Goiás vai ter chance. Nunca teve, de chegar lá” disse Caiado em resposta sobre apoio do ex-presidente.
Bolsonaro teceu elogios à Caiado: “Agindo corretamente, podemos mudar o destino do País. A política muda o rumo dessa nação, nos dará independência, que é termos autoridades que defendem bandeiras que vocês acreditam” pontou o ex-presidente.
Resumo
Bolsonaro pode apoiar Caiado se os demais postulantes bolsonaristas não decidirem concorrer. Tarcísio de Freitas, governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e até a ex-primeira dama Michele Bolsonaro – que também é cotada segundo analistas.
Caiado, dentre todos estes, é o que tem o perfil mais voltado ao agronegócio, o que o insere numa posição privilegiada antes os demais. Os maiores apoiadores e doadores da campanha presidencial de Bolsonaro vieram deste setor: a maior fatia dos R$ 22 milhões arrecadados. Além disso, o perfil do agronegócio brasileiro é de segmento conservador.
Caiado reconhece que existe um longo processo a ser percorrido para viabilizar seu nome e candidatura ao Planalto até 2026. Ate lá, o governador marcará presença nos principais eventos do agro no país, além de abordar pautas que são principais bandeiras da direita: fortalecimento da Segurança Pública, posições contra o aborto e legalização das drogas, pró-Israel, liberdade de defesa e expressão, armamento da população – dentre outros.
O fato que pode contribuir no processo é que é no Brasil Central que está o mais bem avaliado governador do país, Ronaldo Caiado com 72% de aprovação, segundo o Instituto de Pesquisa Atlas. Com isso, Caiado tem se tornado liderança nacional com boa circulação com a direita moderada.
