BRASIL 🇧🇷 Pacheco e presidenciáveis condenam Bolsonaro por repetir a embaixadores acusações falsas ao sistema eleitoral
Depois dos novos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao processo eleitoral, políticos reagiram às declarações do titular do Palácio do Planalto. O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) , afirmou que o Legislativo tem a “obrigação” de defender o resultado do pleito e que questões superadas “não admitem mais discussão”. Já o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, pediu um ‘basta à desinformação e ao populismo autoritário’.
Entenda: Após Bolsonaro repetir informações falsas a embaixadores, Fachin pede um ‘basta à desinformação e ao populismo autoritário’
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Bolsonaro usou a reunião com embaixadores na tarde desta segunda-feira para, sem provas, fazer ataques às urnas eletrônicas e colocar em dúvida o resultado das eleições. Em seu discurso, o presidente voltou a fazer acusações infundadas e a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o TSE.
— Quando se fala em eleições, vem à nossa cabeça transparência. E o senhor Barroso (Luís Roberto Barroso, ex-presidente do TSE) , também como senhor Edson Fachin (presidente do TSE), começaram a andar pelo mundo me criticando, como se eu estivesse preparando um golpe. É exatamente o contrário o que está acontecendo — afirmou Bolsonaro.
“Uma democracia forte se faz com respeito ao contraditório e à divergência, independentemente do tema. Mas há obviedades e questões superadas, inclusive já assimiladas pela sociedade brasileira, que não mais admitem discussão”, afirmou Pacheco nas redes sociais.
Segundo ele, “a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida. Não há justa causa e razão para isso. Esses questionamentos são ruins para o Brasil sob todos os aspectos”.
Entenda: Bolsonaro usa reunião com embaixadores para fazer novos ataques sem provas às urnas eletrônicas e ao TSE
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Ainda em sua manifestação, o senador diz que “o Congresso Nacional, cuja composição foi eleita pelo atual e moderno sistema eleitoral, tem obrigação de afirmar à população que as urnas eletrônicas darão ao país o resultado fiel da vontade do povo, seja qual for”.
Para o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro não está à altura do cargo que ocupa.
“É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia”, disse Lula também por meio de rede social.
A pré-candidata pelo MDB, Simone Tebet, acusou Bolsonaro de envergonhar o país perante a comunidade internacional.
“O Brasil passa vergonha diante do mundo. O presidente convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro. Reforço minha confiança na Justiça Eleitoral e no sistema de votação por urnas eletrônicas”, escreveu a senadora.
Já Ciro Gomes, pré-candidato pelo PDT, disse que a fala de Bolsonaro foi “horrendo espetáculo” e que Bolsonaro “não pode ser mais presidente de uma das maiores democracia do mundo ou o Brasil não pode mais se dizer integrante do grupo de países democráticos”.
“Nunca, em toda história moderna, o presidente de um importante país democrático convocou o corpo diplomático para proferir ameaças contra a democracia e desfilar mentiras tentando atingir o Poder Judiciário e o sistema eleitoral”.
Ciro diz ainda que Bolsonaro “cometeu vários crimes de responsabilidade” e que é preciso “retirá-lo do cargo”.
“Sei que se trata de uma tarefa delicada porque temos uma figura como Arthur Lira na presidência da Câmara, a quem caberia dar andamento a um pedido de impeachment. Não há mais paciência política nem armadura institucional capazes de suportar tamanho abuso. Muito menos complacência de se interpretar organização clara e deliberada de golpe como arroubos retóricos ou desatinos de um presidente desqualificado”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que o partido irá recorrer à Justiça para que Bolsonaro responda pelas ameaças. Na semana passada, a direção da legenda acionou o Judiciário para que o presidente seja proibido de “incitar a violência”.
— Vamos continuar com medidas judiciais, nossos advogados estão preparando. Tem pelo menos sete pecados capitais que ele (Bolsonaro) cometeu hoje e vamos entrar com ação judicial. A Justiça Eleitoral precisa estar com essas ações, precisa estar preparada para fazer um enfrentamento. Penso que a Justiça Eleitoral fará esse posicionamento de maior enfrentamento. E obviamente vamos continuar com articulações políticas em relação à ofensiva contra o Bolsonaro e, claro, com as mobilizações que já estamos fazendo nos estados, com as viagens do presidente Lula, com as organizações sociais, movimentos — disse Gleisi.
O senador Humberto Costa (PE), do PT, também se manifestou:
“Bolsonaro joga contra o Brasil. Ao convocar embaixadores de vários países para uma exposição recheada de mentiras contra o sistema eleitoral brasileiro, ele destrói a democracia do nosso país para o mundo. Esse genocida golpista não é e nunca será um patriota”.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB) ressaltou que “ninguém está acima da Constituição brasileira, muito menos o presidente da República que deveria respeitá-la”.
“Tenta construir um golpe à democracia sob mentiras. Não há nenhuma prova de fraude no sistema eleitoral brasileiro.Ataca as instituições e o povo.Uma vergonha para o mundo”, completou.