BRASIL 🇧🇷 “E daí? Paciência!” De Bolsonaro para Lula, o escárnio continua
Nada como ser vidraça na política. Já dizia meu velho pai: “você aponta um dedo para as pessoas e voltam quatro para você”.
Se em abril de 2021 tivemos que ouvir o presidente Jair Bolsonaro debochando das mortes por coronavírus dizendo “e daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”, um ano depois temos que aguentar o presidente Lula (sim, a partir do momento que você manda uma PEC para o Congresso você já é presidente) dizendo que “paciência”, vai aumentar o dólar e cair a Bolsa.
A transição pode estar correndo bem do ponto de vista do governo Bolsonaro, sendo que não tivemos socos, pontapés e mesas viradas. Mas Lula está deixando o país à deriva.
Sim, ele brilhou na COP27 e conseguiu recolocar o Brasil no centro das atenções quando o assunto é diplomacia e meio ambiente, mas para isso largou o Brasil numa bagunça econômica quase “nunca vista na história desse país”.
Lula defendeu furar o teto de gastos para manter as metas sociais de sua campanha, dando sinais cada vez mais claros de que o Lula que vem por aí é aquele que entregou o país ao governo Dilma Rousseff viciado em gastos públicos, e não o Lula do primeiro mandato, que respeitava contratos.
Economistas que apoiaram Lula contra Bolsonaro já enviaram uma carta aberta rebatendo as críticas do petista à política fiscal. Vale lembrar que uma semana atrás Luiz Inácio já tinha dado uma dura no mercado preocupando os agentes fiscais. Os empresários ressaltaram, ou relembraram o presidente que assume efetivamente em 2023, que responsabilidade fiscal não pode ser vista como entrave.
E aí eu entro num ponto nevrálgico dessa política toda: sir Arthur Lira, o todo poderoso.
Por quê? Porque o Centrão está ameaçando colocar na PEC da Transição uma regra obrigando Lula a pagar o orçamento secreto.
Lula não quer retirar da PEC os gastos com Bolsa Família e ter R$ 200 bilhões para gastar sem qualquer fiscalização?
Pois isso tem um custo. E, aparentemente um custo bem maior. A verdade é que a PEC deve passar no Senado, mas vai empacar nas mãos do presidente…da Câmara.
Lira, meus amigos, foi o deputado federal com maior número de votos por Alagoas, mais de 200 mil. Foi movida a primeira pedra em seu caminho para que ele seja reconduzido ao centro do poder. Os R$ 200 bilhões que o governo Lula quer para gastar representam 28% a mais do necessário para manter o Bolsa Família em R$ 600 reais.
Lira sabe disso e sabe que existe um preço a ser pago. Imaginem o poder deste senhor frente ao Orçamento Secreto, enviando dinheiro para todos os cantos do país sem precisar justificar um “ai”?
No texto anterior do Yahoo eu falava justamente do dever da moralidade de Lula, coisa que ele parece ignorar dia após dia. Mas me equivoquei. A moralidade já deixou essas terras há tempos.
No início do primeiro governo Lula, economistas foram surpreendidos por suas políticas macroeconômicas, que mantiveram inalteradas aquelas introduzidas pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) após a crise do Real, em 1999.
Além disso, Lula ampliou e deu uma nova dimensão à estabilidade da era FHC. As políticas mantidas por Lula eram fundadas no tripé composto por uma política monetária determinada pelas metas de inflação, câmbio flutuante e uma política fiscal visando manter um superávit primário.
Sem querer parecer muito chata, mas havia uma preocupação com a economia, coisa que agora Lula tem demonstrado, dia a dia, não estar nem aí.
A questão da viagem à COP27 no jatinho do Jr da Qualicorp também foi deixada de lado como se seu terceiro mandato estive acima do julgamento da moralidade pública. Lira e Lula, Lula e Lira estão se entrosando num jogo que cada vez mais fica turvo, sem regras explícitas.