Chips cerebrais não se limitarão à medicina, entenda o futuro
A Neuralink, startup americana neurotecnológica, anunciou esta semana que realizou seu primeiro implante cerebral em um ser humano, estabelecendo um marco histórico não apenas para a companhia, que tem Elon Musk como dono, como para a ciência. Segundo Alvaro Machado Dias, neurocientista e colunista do Olhar Digital News, no entanto, o chip cerebral não se limitará à medicina, ultrapassando as barreiras tecnológicas em outras áreas.
“Mais amplamente, a empresa busca levar a interface cérebro-máquina para o grande público, que é onde, de fato, existe controvérsia. O objetivo inicial do Elon Musk era responder a um desafio que é, em certo sentido, filosófico, mas em outro de negócios. Na sua visão, a inteligência artificial está avançando rapidamente e ela tende a criar um risco existencial para a humanidade, ou pelo menos colocar a nossa vida em um nível muito mais baixo de qualidade de relacionamento com o outro. “
O médico destacou que, assim, o chip surge como um tipo de ‘salvação’ não apenas no âmbito medicinal, mas para dissolver as preocupações quanto à IA. Em tese, segundo o especialista, conectar o cérebro à internet, turbinará nosso cérebro com todas as informações disponíveis, com ao mesmo tempo certa “telepatia” (nome do chip da Neuralink, inclusive).
“Conectando o cérebro à internet (…) a gente criaria cyborgs que responderiam a esse desafio e riscos existenciais vindos da evolução da tecnologia”, representando muito mais que apenas um chip dedicado a cura.
Neste primeiro momento, contudo, o foco está na medicina:
“É ajudar na recuperação das funções de pacientes neurológicos que as perderam de maneira permanente. O ensaio clínico envolveu pacientes com quadriplegia e com esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa severa” – explica o doutor.
O que você precisa saber:
A Neuralink implantou seu primeiro chip cerebral em um ser humano no domingo (28);
Segundo atualização do próprio Musk, o paciente recebeu o microchip via cirurgia robótica e passa bem;
Além disso, os resultados iniciais promissores;
Chamado de Telepathy (Telepatia), o chip é instalado por um robô em uma região do cérebro que controla a intenção de movimento, permitindo que humanos consigam controlar eletrônicos, como computadores e celulares, apenas com o pensamento;
A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de saúde dos EUA, aprovou o teste do método em maio de 2023 — quatro meses depois, a empresa abriu as inscrições para voluntários;
Esse teste inicial, denominado estudo Prime, terá duração de seis anos, com avaliação periódica dos pacientes;
Por ora, a empresa irá avaliar a segurança do implante e do robô que fez o procedimento cirúrgico;
A Neuralink não forneceu informações sobre a condição do paciente que recebeu o primeiro implante cerebral;
Apesar do marco histórico, a empresa enfrentou polêmicas em relação aos seus protocolos de segurança, recebendo, inclusive, muitas negativas da FDA ao longo dos anos e se envolvendo em uma investigação federal por maus-tratos aos animais e risco biológico.