Com primeiros registros de morte no mundo, febre oropouche avança no Brasil e pode ocorrer em simultâneo com a dengue
Ministério da Saúde confirmou o óbito de duas mulheres na Bahia. Vítimas eram jovens e sem comorbidades
O Ministério da Saúde confirmou a morte de duas mulheres por febre oropouche, sendo os primeiros casos descritos na literatura médica no mundo. As vítimas foram duas mulheres, de 22 e 24 anos, sem comorbidades, nas cidades de Camamu e Valença, na Bahia. Em 2024, mais de 7,2 mil registros da febre do oropouche ocorreram no em 20 estados brasileiros. Inicialmente, os casos se concentravam na região Norte do país, mas o avanço da oropouche acendeu o alerta dos especialistas e da população de todo o Brasil, que também vive uma das piores crises de dengue da história. Ambas as doenças – e também a chikungunya – têm sintomas semelhantes e o mosquito como agente transmissor do vírus.
Os registros desses casos vêm ocorrendo em épocas próximas, o que dificulta a distinção entre seus paradeiros. Segundo Eduardo Fonseca, professor de Farmácia da UNISUAM, existe a possibilidade de infecção cruzada caso a pessoa viva numa região onde ocorre a circulação concomitante dos três vírus e que tenha a presença dos mosquitos que transmitem cada um deles. “Ou seja, ainda que sejam disseminados por diferentes vetores, uma pessoa pode ter seu corpo infectado ao mesmo tempo por mais de um vírus”, completa o professor.
“Semelhante ao mosquito transmissor dos vírus da dengue e da chikungunya, o mosquito transmissor do vírus oropouche também pode se desenvolver em água parada. O vírus pode circular em ambientes silvestres e urbanos. No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos são infectados; no urbano, os seres humanos são os hospedeiros do vírus”, explica o docente da UNISUAM.
Entenda a oropouche
A médica infectologista do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, Fabiana Romanello, explica que a febre oropouche é uma doença infectocontagiosa causada por um arbovírus que acontece em áreas tropicais e é transmitida pela picada do mosquito de uma espécie específica, chamada Culicoides paraenses – popularmente conhecida como mosquito pólvora.
“Este inseto tem a capacidade de se reproduzir em áreas úmidas e vive na região amazônica, habitat favorável para seu ciclo de vida. Após picar um hospedeiro do vírus, que pode ser uma pessoa ou animal infectado pela oropouche, o mosquito ‘carrega’ o vírus no sangue por alguns dias e pode transmiti-lo a uma pessoa saudável por meio da picada”, completa a infectologista.
Os principais sintomas são bem parecidos nos casos de dengue, chikungunya e da febre oropouche: predominância de dor de cabeça e muscular, dor nas articulações, náuseas, diarréia, manchas avermelhadas na pele com esperada resolução do quadro em 7 dias, sendo que o período de incubação pode variar de 3 a 8 dias.
“Não existe um antiviral específico para a doença oropouche. O tratamento é sintomático visando manter a hidratação do paciente – que é muito importante como nos casos de dengue – e também o alívio dos sintomas, com medicação para baixar a febre e analgésicos para diminuir as dores musculares e articulares”, explica Fabiana Romanello .