Como ficará a relação Lula-Trump após presidente ter declarado apoio à Kamala Harris
Ideia é evitar que a posição declarada do presidente brasileiro a favor de Kamala Harris prejudique a relação entre os dois países
O Itamaraty aposta em contatos mantidos com integrantes do Partido Republicano no Congresso americano e da campanha presidencial do partido nas últimas semanas para construir uma relação com Donald Trump daqui em diante.
A ideia é evitar que a posição declarada do presidente Lula a favor de Kamala Harris na última sexta-feira (1º) prejudique a relação de 200 anos entre os dois países.
Segundo o próprio Itamaraty, houve contatos com integrantes da campanha de Trump e com republicanos no Congresso, como o deputado Lance Goode, um dos copresidentes da Frente Parlamentar Brasil-EUA na Câmara, o chamado Brazil Caucus.
Além disso, a diplomacia brasileira se aproximou de instituições ligadas ao Partido Republicano nas últimas semanas, como a Heritage Foundation.
A aposta é que esses contatos servirão para tentar manter a relação bilateral e histórica entre os dois países, independentemente da relação pessoal de Lula e Trump — que assessores e diplomatas relataram a CNN que não deverá existir.
Algo como vem sendo feito com a Argentina do direitista Javier Milei. Ainda que Lula e o argentino não tenham relação, os dois países mantém relações por diversos setores de ambos os governos e também de suas diplomacias.
De qualquer modo, a avaliação do governo Lula é de que a vitória de Trump prejudica diversas agendas externas e internas. Os eixos da política externa brasileira, por exemplo, focado na agenda do clima, da busca pela paz em conflitos e na reforma da governança global, na visão de diplomatas brasileiros, são diretamente abalados e fragilizados.
A situação da Venezuela é uma das que poderá ter maior impacto do ponto de vista regional. Trump já chegou a sugerir que se arrependeu de não ter invadido o país. Do ponto de vista interno, a vitória de Trump é vista como um problema, porque se acredita que o presidente americano fortalecerá a agenda bolsonarista de anistia a Jair Bolsonaro e críticas ao Supremo Tribunal Federal.