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ELEIÇÕES 🗳 Por que João Doria foi rifado pelo PSDB às vésperas da campanha presidencial?

João Doria foi rifado pelo PSDB da disputa presidencial de 2022*.

O ex-governador paulista, que ganhou o posto de pré-candidato nas prévias da legenda, virou presença incômoda no ninho tucano, que já não sabia o que fazer com ele. Faltava encontrar a ele uma “saída honrosa” —uma licença poética para quem teve a testa pintada com um círculo vermelho antes da ordem do fuzilamento.

Sua saída não encerra os dilemas do partido. Hoje parte do PSDB defende que a legenda desista de ter candidato próprio na corrida ao Planalto e priorize energia e verbas do fundo eleitoral para os candidatos do Legislativo. Outra parte defende apoio a Simone Tebet, do MDB.

Há quem tope qualquer nome. Doria não era uma escolha, como ele mesmo admitiu.

A dúvida existencial daquele que já foi o principal partido do país agora é: abrir mão da disputa principal e assumir que perdeu relevância ou fechar os olhos e correr em direção a uma batalha praticamente perdida?

Em 2018, por conta do novo arranjo de forças políticas do país, o PSDB fez figuração numa disputa polarizada entre PT e Jair Bolsonaro, então no PSL. Geraldo Alckmin terminou a eleição com menos de 5% dos votos.

O PSDB, que desde a derrota nas eleições de 2014 vinha flertando com o extremismo, foi engolido pelos bichos que ajudou a alimentar. Hoje se pergunta quem é e a quem serve.

Qualquer partido com alguma pretensão, mesmo que regional, tem na vitrine presidencial uma janela de visibilidade. Com o PSDB não seria diferente, mas o cálculo, sob Doria, era outro.

O pré-candidato escolhido nas prévias tucanas detém altos índices de rejeição em qualquer pesquisa de intenção de voto.

A ponto de seus atuais correligionários fugirem dele feito o diabo para não contaminar o palanque com a aversão.

Foi assim, em escala menor, nas eleições para a prefeitura de São Paulo, quando Bruno Covas evitou explorar a imagem do então governador em sua propaganda.

O mesmo deve acontecer nos estados onde o PSDB ainda é forte. Nessa conta entra o Palácio dos Bandeirantes, administrado por tucanos desde 1995.

Depois de 27 anos, o partido tem chances reais de fazer figuração nas eleições para governador desta vez. Rodrigo Garcia, o atual chefe do Executivo paulista, sabe disso.

Pois uma coisa é esconder o aliado indigesto quando ele não está em campanha, como aconteceu em 2020. Doria era governador e podia dizer que os compromissos com o mandato o impediam de trabalhar por seu ex-vice na prefeitura.

Outra coisa é tirar o presidenciável do santinho, do palanque e da propaganda de TV dos candidatos nos estados.

A escolha tucana parece levar uma triste constatação em conta: melhor correr sozinho do que com candidato a presidente mal avaliado.

Doria deixou o governo de São Paulo com 36% de reprovação e apenas 23% de aprovação.

No ninho tucano, cheio de ambições e rivalidades, é o suficiente para adversários irem às armas e os aliados se esconderem atrás da trincheira. O resultado é o isolamento.

O afastamento de outro ex-vice é um fim melancólico para Doria.

Redação GOYAZ

Redação: Telefone (62) 3093-8270

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