Entenda o silêncio entre Bolsonaro e Valdemar imposto pelo STF
Partido tinha como meta conquistar mil prefeituras; integrantes da legenda agora falam em cerca de 600
A dez dias do primeiro turno, integrantes da cúpula do PL avaliam que a falta de diálogo entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, prejudicou a estratégia e, consequentemente, o resultado pretendido nas eleições municipais.
Inicialmente, o partido tinha como meta conquistar mil prefeituras apostando na figura de Bolsonaro e na polarização com o PT. Agora, os mais otimistas falam em conseguir algo entre 600 e 650 cidades. Atualmente, o partido de tem 371 prefeituras.
Um dos motivos para o recálculo da meta é justamente a falta de diálogo entre Bolsonaro e Valdemar. Investigados no inquérito que apura o golpe de Estado, os dois foram proibidos de manter contato por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, desde fevereiro.As defesas de Bolsonaro e Valdemar tentaram reverter a decisão, mas sem sucesso. Desde então, o ex-presidente e o dirigente partidário participam de eventos com o cuidado de chegarem em horários separados para não se encontrarem.
Para tentar contornar os impactos da proibição, o PL escalou o senador Rogério Marinho (PL-RN) para fazer a coordenação da estratégia eleitoral municipal. Integrantes do partido, contudo, avaliam que embora Marinho seja reconhecidamente habilidoso, falta o ajuste fino da estratégia que só viria com Valdemar e Bolsonaro.
Interlocutores de ambos relatam que o ex-presidente e o dirigente tem uma relação com diálogos duros, mas que no final conseguem se entender diante das divergências.
Um exemplo citado frequentemente é justamente a decisão das viagens de Bolsonaro na reta final desta campanha eleitoral em cidades em que o PL não tem chances de vitória. Na terça-feira (24), Bolsonaro esteve em Goiânia para impulsionar o candidato do PL, Fred Rodrigues.
Como mostrou a CNN, aliados de Bolsonaro defendem que a presença do ex-presidente pode ajudar a produzir conteúdo para as redes sociais e promover candidatos à Câmara Municipal, entre eles o ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Victor Hugo.
Na reta final da campanha, no dia 30, Bolsonaro visitará Vitória (ES). onde seu candidato, Capitão Assumção (PL), aparece em último lugar na corrida eleitoral, de acordo com o agregador de pesquisa CNN.
Em seguida, o ex-presidente viajará para o Rio de Janeiro, seu reduto eleitoral, onde seu candidato Alexandre Ramagem (PL) está em segundo lugar, mas vendo o atual prefeito bem à frente para conquistar a reeleição.
Bolsonaro ainda deverá passar por Angra dos Reis e Niterói.