ESPECIAL: O cenário e desafios de Bruno Peixoto para viabilizar candidatura e vencer as eleição em Goiânia
GOYAZ dá sequência a matérias especiais lançando análise sobre nomes que surgem com possibilidade de se tornarem pré-candidatos à Prefeitura de Goiânia
Por: Christiano Afonso C. Pereira
Da Redação
BRUNO PEIXOTO (UB)
Eleito vereador de Goiânia pela primeira vez, em 2004. Em seu segundo mandato como vereador, foi campeão de votos em 2008, com 12.850 votos. Em 2011, assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás (ALEGO).
Foi reeleito para seu segundo mandato em 2015. Em 2018, foi reeleito novamente deputado estadual em Goiás com 34.655 votos.
Em 02 de abril de 2022 desfiliou-se do MDB e assinou sua ficha de filiação ao União Brasil (UB). Em números absolutos, Bruno Peixoto (UB) foi reeleito deputado estadual mais bem votado da história de Goiás, com 73.692 votos, no pleito de 2022.
Com uma trajetória política ascendente surpreendente, o que o gabarita a concorrer à Prefeitura de Goiânia, Bruno é reconhecido pela aptidão de comunicar diretamente ao eleitorado. É no boca a boca, no corpo a corpo, pés na estrada e espírito de convencimento que Bruno tem um currículo impecável.
Venceu todas as eleições que participou. Articulador nato, e na presidência da ALEGO, mais do que dobrou o número de votos nos últimos 12 anos.
Foram 35.424 votos no 1º mandato no Legislativo goiano em 2010 e em 2022 saltou para 73.692 votos no 4º mandato. Foi aclamado presidente por unanimidade pelos 41 parlamentares para o primeiro biênio 20ª Legislatura. Bruno foi líder do Governo na Alego durante a Legislatura passada.
CRONOLOGIA: ALTOS E BAIXOS
Dados acima lançados demonstram, portanto, que não se pode subestimar a competência e envergadura política de Bruno. Tudo começou com a dificuldade e a demora da base caiadista em indicar um nome viável que disputará a Prefeitura de Goiânia, o que acabou por suscitar luz transversalmente ao nome de Bruno.
No início das prerrogativas, e impulsionado pela pressão dos partidos que compõe a base governista, Bruno não se posicionou de forma intersticial sobre a possibilidade de se tornar o pré-candidato de Caiado.
Todavia, nos bastidores, Bruno começou a dialogar, a princípio, com os deputados mais próximos.
Com sinal verde dos colegas do Legislativo, estreou então uma ampliação pública de articulação – o que, do ponto de vista analógico, não deixa de ser apropriado para qualquer político que almeja chegar ao Executivo.
Contudo, quando estas movimentações se tornaram fulgentes, não é de se estranhar que o incômodo chegou ao Palácio das Esmeraldas.
Isto porque, o governador Ronaldo Caiado (UB) anseia protagonizar o debate com demais partidos e setores da sociedade, juntamente com o vice-governador Daniel Vilela (MDB). E ambos não têm o perfil de carimbar postulantes individuais autônomos para não precipitar uma cartada política que terá forte impacto na gestão e repercussão no resultado final das urnas – dada a importância de se quebrar um ciclo histórico de um governador, que desde 1988, não elege um prefeito em Goiânia.
Sem contar que Daniel deposita na eleição de Goiânia uma configuração de modular seu projeto de sucessão ao governo. Um tiro errado na capital pode comprometer um cenário que, aos olhos da base governista, é tido como uma passagem certa de bastão.
Quando todos os caminhos poderiam levar o nome de Bruno as “cédulas”, a insatisfação de determinados atores do próprio partido, começaram a ecoar. Delegado Waldir, vice-presidente do União Brasil em Goiânia, à imprensa, disse que a movimentação antecipada de Bruno “não era apropriada” e que “o governador pediu que o projeto de candidatura à Prefeitura não fosse antecipado”.
Estas declarações, dentre outras inclusive do próprio governador, desabaram como um balde de água fria na pretensão de Bruno – que recuou diante dos holofotes. Todavia, Bruno não freou, chegando a granjear convites de outros partidos. Dialogou, flertou, visitou presidente do PL goiano, e deu a entender que, mesmo sem o aval do partido, e do governador, teria uma suposta audácia de transparecer que seu projeto pode ser viável – mas a qualquer custo?
VANTAGENS
Capacidade de liderança, de aglutinar partidos e unificar discurso, conhecimento de causa e realidade de Goiânia, que enfrenta diversas crises em praticamente todos os setores da administração pública. Bruno é reconhecido por ser um político municipalista com fortes estruturas consolidadas na capital.
Já demonstrou que sabe trilhar caminho do triunfo. Jovem, tem o perfil de convencimento que pode ser uma alternativa ao eleitorado goianiense. Gabaritado, experiente, Bruno tem na bagagem certa analogia em transitar de forma coerente com o eleitorado. É reconhecido por construir pontes através de uma comunicação apurada junto ao eleitorado, linguagem que aglutina com setores em todas as regiões da capital. Tem disposição e arranjo para percorrer milhas e milhas atrás de votos.
Quando se trata de eleição, não é um político de gabinete. Como vereador, construiu uma base considerável de votos e eleitores fiéis na capital. Soube, com maestria, envolver o tempo de campanha priorizando o corpo a corpo. Foi com base nesse contorno que Bruno se tornou num dos nomes mais respeitáveis da recente política de Goiânia e Goiás. É hoje, o terceiro nome que detém mais “poder” no Executivo goiano.
DESVANTAGENS
Bruno está sendo cobrado por antecipar o procedimento de escolha do candidato da base governista à Prefeitura de Goiânia. O preço que Bruno tem pagado é alto. Sem o apoio de Caiado e Daniel, seu projeto não qualquer respaldo. E sem esse respaldo, pode-se contar certeira “fritura” política até mesmo de deputados mais próximos, além da alta cúpula do governo, que comprometeria seu anseio, inclusive, de pleitear uma cadeira na Câmara em 2026. Toda cautela se faz necessária. Os próximos passos estão sendo monitoradas de perto com a lupa governista.
Numa eleição onde ataques de adversários são vistos como “naturais”, o telhado de Bruno é de vidro. Além de um suposto loteamento de cargos na Alego, gastos milionários de publicidade espalhados sem supostos critérios, dentre outros, Bruno pertence a uma família de políticos que já passou por turbulências no passado. E nesse vale tudo na política brasileira, explorar e associar fatos que geraram notícias desastrosas pode embaraçar a campanha e a própria imagem do governador. Sem Caiado no palanque, as chances de Bruno se eleger prefeito de Goiânia é “conto de cinderela”.
Uma suposta falácia especulativa, respaldada pelo o maior veículo impresso de comunicação do estado, todavia sem comprovação, de que Bruno estaria por trás de uma investigação da Polícia Civil de Goiás, em relação a contratos do ex-prefeito de Trindade, Janio Darrot, nome que também concorre numa pré-candidatura em Goiânia, é um desastre político sem precedentes.
Uma suposta tentativa de enfraquecer um player político escolhido pelo próprio governador da própria base seria um erro fatal, tiro no pé, que não pode recair sobre os ombros de Bruno – como já vem sendo cogitado mesmo sem provas.
Caiado tem na Segurança Pública uma das bandeiras para um ensaio cada vez mais repercutido nacionalmente para chegar como alternativa ao presidente Lula (PT) ao Palácio do Planalto em 2026. O governador detém as rédeas de todas as forças policiais do estado.
Não é de se submergir a hipótese de que o próprio governador já tenha solicitado à Polícia Civil o autor responsável pela denúncia.
Independentemente do que percorrer nos backstage deste caso, é pouco provável que esse “nome” venha à tona. Seria mais cotável um amortecimento desta atinada ocorrência, do que apontar dedos a qualquer aliado. Chegar fendido a uma disputa acirrada e complexa como em Goiânia, restando 8 meses para eleição, é um fator pernicioso para qualquer grupo político.
O que poderá, provavelmente, decorrer em relação ao mencionado, daqui em diante, serão fatos que ligarão as pontas, no subterfúgio das entrelinhas do poder.
CENÁRIO
Bruno representa a base caiadista. Demais nomes também. Deixar a escalação do nome que disputará a Prefeitura de Goiânia e o (a) vice na chapa, com apoio de Caiado e Daniel, para as convenções partidárias, entre julho e agosto, pode ser um sinal de fragmentação interna.
Embora exista uma estratégia positiva de não expor um candidato (a), para evitar rejeição antecipada ao eleitorado, o contrapeso é emitir um sinal de discordância.
Difícil é conceber a hipótese de se iniciar um projeto de alternância de poder relevante para Goiânia, com mapeamento de fragilidades, propostas relevantes, diálogo com a sociedade, sem sequer a definição de um pré-candidato.
O que pode estar sendo advertido, aos eleitores mais atentos à política, é de que a base caiadista está enfrentando um dilema interno, recheado de intrigas. Essa imagem pode ser um fator de atraso e prejudicial ao processo eleitoral como se Goiânia não tivesse a proeminência que merece. E, vale ressaltar, esse “vai e vem” na política, a incerteza, a procura contra o tempo, só tende a enfraquecer o debate e suscitar pano pra manga aos adversários políticos.
Embora a “pressa seja inimiga da perfeição”, o prolongamento deste imbróglio pode esticar a corda, e dissolver a corrente – até então reconhecida pela característica de adesão coerente entre o Legislativo e Executivo goiano.