GEOVANA NASCIMENTO | Analfabetismo recua, mas números ainda estão longe do ideal, afirma especialista
Às vésperas do Dia Mundial da Alfabetização, celebrado em 8 de setembro, pedagoga aponta que é necessário rever as políticas públicas que contemplam a educação básica
A taxa de analfabetismo recuou de 6,1%, em 2019, para 5,6%, em 2022, entre pessoas de 15 anos ou mais. Em números absolutos, isso significa uma redução de pouco mais de 490 mil analfabetos no Brasil, chegando ao menor valor da série que foi iniciada em 2016. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação 2022, que foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em junho de 2023, pela primeira vez após a pandemia. Às vésperas do Dia Mundial da Alfabetização, comemorado em 8 de setembro, a pedagoga Neuracy Bastos, que é especialista em Métodos e Técnicas de ensino, afirma que, apesar da diminuição, os índices estão longe do ideal.
Neuracy avalia que a data – que foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com o intuito de discutir globalmente assuntos e questões ligadas à alfabetização – é uma oportunidade de refletir sobre o processo alfabético que as escolas oferecem e as políticas públicas que versam sobre a educação básica. “É preciso avaliar se as instituições contemplam todas as necessidades que permeiam a leitura e a escrita para oferecerem ensino de qualidade, com base em avanços efetivos. Mas, o que seria essa proposta educativa avançada, se o tema é debatido há tantos anos e ainda são poucos os avanços pontuados pelos teóricos valorizados e mencionados nas rodas educativas?”, questiona.
A pedagoga lembra que Paulo Freire é um dos grandes pensadores citados nessas ocasiões, mas poucas são as ações efetivas que promovem aquilo que ele propôs. “Quando Freire diz, por exemplo que a alfabetização é um ato criador e que o analfabeto deve ser preparado para ser o agente da aprendizagem, nota-se que, na realidade prática, poucos são os espaços proporcionados que possibilitem essa criação”, pontua. Por essa razão, ela conclui: “É imprescindível avançar em propostas realmente inovadoras, que sigam a base, que estejam consonantes com os avanços significativos que permeiam a construção de uma escrita que faça sentido, e que possam ser atrativas, para envolver os estudantes na apreensão do conhecimento.