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GEOVANA NASCIMENTO | Celular em sala de aula: qual é o real impacto?

Após alerta da Unesco, com a divulgação do relatório de monitoramento global da educação, educadora propõe que uso consciente e responsável pode ser vantajoso

 

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) divulgou, em seu relatório de monitoramento global da educação de 2023, alerta sobre os riscos do uso de celulares em sala de aula. Intitulado Tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?, o documento aponta que a tecnologia pode ter um impacto negativo, se for utilizada de forma inadequada ou excessiva. Conforme o relatório, a simples proximidade de um aparelho celular é capaz de distrair os estudantes. Para a pedagoga Amanda Gonçalves, se por um lado o celular possibilita a interatividade, incentiva a pesquisa e a curiosidade, quando o aluno não é bem instruído, os impactos na aprendizagem se tornam evidentes.

De acordo com a educadora, que também é coordenadora pedagógica do Colégio Integrado, o tempo prolongado de exposição à tela pode afetar de forma negativa o autocontrole e a estabilidade emocional, aumentando a ansiedade, a depressão e a insônia. Sem contar os riscos de cyberbullying, que geram insegurança nos alunos e nas famílias. Contudo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) permite explorar e contemplar o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas ao uso responsável das tecnologias digitais. “Neste sentido, acho saudável o uso do celular na sala de aula, quando há acompanhamento e orientação do professor para fins pedagógicos. Além disso, nos horários de intervalo e locais de socialização, o aparelho não é um problema quando bem guiado”, avalia.

Sabe-se que as tecnologias têm alterado a forma de pensar, de trabalhar, de se comunicar, de se relacionar e também de aprender. Por essa razão, um em cada quatro países do mundo proíbe ou tem políticas sobre o uso do celular em sala de aula, segundo o estudo divulgado pela Unesco, entre eles estão Finlândia e Holanda. “No Brasil, não há proibição, com exceção de um projeto de 2015 tramitando para aprovação, porém, sem respostas. No meio educacional, há muitas divergências sobre a permissão. Algumas escolas proíbem e outras permitem o uso nos espaços coletivos, no recreio, dentro das salas, etc. As particulares, por não terem uma lei regulamentada, possuem liberdade de escolher as diferentes maneiras de conduzir esse assunto”, relata Amanda Gonçalves.

Educação Digital

Para a educadora Amanda Gonçalves, a utilização de aparelhos de celular em sala de aula, quando bem direcionados para propósitos pedagógicos, aumenta a participação e engajamento, torna a aprendizagem mais dinâmica e criativa. “Porém, ao falar de todas essas vantagens, existe uma medida que pode tornar uma aliada ao processo de ensino e aprendizagem: a educação digital”, pontua. Ao encontro dessa perspectiva, no início deste ano, foi sancionada a Lei 14.533/23, que criou a Política Nacional de Educação Digital (Pned), com medidas de estruturação e incentivo ao ensino de computação, programação e robótica nas instituições de ensino.

Para o advogado especialista em Direito Digital e Proteção de Dados Rafael Maciel, a instituição da política foi um marco de reconhecimento da importância dos impactos da tecnologia, tanto para demandar serviços públicos e para o exercício da cidadania, quanto para a inserção adequada no mercado de trabalho. “Vale ressaltar, sobretudo, que a Lei trouxe ainda maior possibilidade de conscientização sobre os riscos e funcionamento, de fato, do meio digital”, explica. Segundo ele, a Lei n° 12.965, de 23 de abril 2014, que instituiu o Marco Civil da Internet, já previa a educação digital. Contudo, agora, como política pública, isso será aplicado na essência.

Amanda destaca que promover aulas, palestras, conduções e direções para o uso responsável e moderado dos aparelhos pode ser um grande benefício, não só para os alunos, mas para a própria escola é fundamental. “É interessante mencionar que as escolas possuem um papel muito importante nesse aspecto. O processo educacional não pode ser segmentado em detrimento de políticas que só proíbem o uso tecnológico sem proporcionar a educação do uso. Encontrar a dosagem certa para aproveitar os benefícios e minimizar os impactos do uso do celular dentro da sala de aula é desafiador, mas é fundamental para promover um espaço de aprendizagem eficaz e motivador”, finaliza.

Imagem ilustrativa – Crédito: Imagem de zinkevych no Freepik

Redação GOYAZ

Redação: Telefone (62) 3093-8270

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