GOLPE 🪖 Militares querem poder até 2035 e fim do SUS gratuito
Evento de lançamento do projeto teve presença de Hamilton Mourão
Documento alerta para os perigos do “globalismo”
Militares fazem previsão para um Brasil que seguiria no governo Bolsonaro
Em evento na última quinta-feira (19), os Institutos Villas Bôas, Sagres e Federalista apresentaram o Projeto de Nação, O Brasil em 2035, com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão. O documento de 93 páginas foi desenvolvido por militares e civis e aborda 37 temas estratégicos.
Entre as propostas, está o pagamento de mensalidade pela classe média pelas universidades públicas e pelo atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde), o que deveria começar em 2025. “Além disso, a partir de 2025, o Poder Público passa a cobrar indenizações pelos serviços prestados, exclusivamente das pessoas cuja renda familiar fosse maior do que três salários mínimos.” Ou seja, em um eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL), o projeto pretende acabar com o acesso à saúde e à educação gratuita no país.
Com o objetivo de “entregar um Brasil melhor aos nossos filhos e netos”, o projeto foi coordenado pelo general Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-presidente do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), a ONG do coronel e torturador condenado por crimes na ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, que afirma que o texto é “apartidário, aberto e flexível”.
“Mesmo que haja mudança de governo. Claro que se for de direita para esquerda, vai jogar fora”, disse o general. Entre os pontos levantados, estão geopolítica, governança nacional, desenvolvimento, ciência, tecnologia, educação, saúde, defesa nacional e segurança. A Amazônia é citada dentro do tema Defesa Nacional, no capítulo Integração da Amazônia no Brasil.
O texto defende que o Brasil é ameaçado por algo que eles chamam de “globalismo”. “O chamado globalismo, movimento internacionalista cujo objetivo é determinar, dirigir e controlar as relações entre as nações e entre os próprios cidadãos, por meio de posições, atitudes, intervenções e imposições de caráter autoritário, porém disfarçados como socialmente corretos e necessários. No centro desse movimento está a elite financeira mundial, ator não estatal constituído por megainvestidores, bancos, conglomerados transnacionais e outros representantes do ultracapitalismo, com extraordinários recursos financeiros e econômicos”.
“O globalismo tem outra face, mais sofisticada, que pode ser caracterizada como ‘o ativismo judicial político-partidário’, onde parcela do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública atuam sob um prisma exclusivamente ideológico, reinterpretando e agredindo o arcabouço legal vigente, a começar pela Constituição brasileira”, continua, em tom condizente com pensamentos de extrema-direita.
Educação sob ataque
Além da proposta de cobrar mensalidade na Universidade Pública, o grupo propõe a limitação do debate acadêmico e da liberdade de cátedra – todos pontos garantidos pela Constituição. Em 2025, diz o texto, “os currículos foram ‘desideologizados’ e hoje são constituídos por avançados conteúdos teóricos e práticos, inclusive no campo social, reforçando valores morais, éticos e cívicos e contribuindo para o progressivo surgimento de lideranças positivas e transformadoras”.
O grupo acredita que hoje as universidades são centros de luta ideológica e de doutrinação político-partidária”.
“Em sala de aula, pouco era feito no sentido de transmitir os conteúdos, ensinar o aluno a pensar, orientar as pesquisas sobre as diversas correntes de pensamento e elucidar sobre como realizar as melhores análises, buscando as opções de vida mais favoráveis, segundo as crenças e convicções de cada aluno. Tudo era feito para que o aluno fosse obrigado a pensar exatamente como pensava o professor, caso contrário não conseguiria se formar e tampouco seria aceito pelo grupo”, diz o documento.