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Igreja escondeu judeus dos nazistas em Roma, aponta pesquisa

Documentos listam ao menos 3.200 pessoas que teriam sido protegidas pelos católicos – os nomes foram corroborados pela comunidade judaica local. Nazistas ocuparam a cidade entre 1943 e 1944, assassinando cerca de 2.000.

Novos documentos indicam que instituições católicas em Roma, na Itália, abrigaram ao menos 3.200 judias e judeus que fugiam do nazismo. A informação consta de um comunicado assinado pelo Pontifício Instituto Bíblico em Roma, pela Comunidade Judaica de Roma e pelo Yad Vashem, memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto.

Pesquisadores das três instituições apresentaram os achados nesta quinta-feira (07/09) em uma conferência no Museu da Shoá – termo usado pela comunidade judaica para se referir ao Holocausto –, próximo à Grande Sinagoga de Roma.

Os documentos listam nomes – corroborados pela comunidade judaica local – de ao menos 3.200 pessoas de origem judaica que teriam sido abrigadas por 100 congregações de mulheres e outras 55 de homens.

Lista era dada como perdida

 

Segundo o anúncio conjunto, a lista de instituições católicas que acolheram judeus já havia sido publicada pelo historiador italiano Renzo de Felice em 1961, mas a documentação completa – originalmente compilada pelo clérigo jesuíta Gozzolino Birolo entre 1944 e 1945, após a libertação de Roma pelos aliados – era até então dada como perdida.

Visitantes de abrigo antiaéreo em Roma poderão ver objetos usados na época da Segunda Guerra Mundial  — Foto: AP Photo/Andrew Medichini

Visitantes de abrigo antiaéreo em Roma poderão ver objetos usados na época da Segunda Guerra Mundial — Foto: AP Photo/Andrew Medichini

“A lista redescoberta recentemente menciona mais de 4.300 pessoas, dentre as quais 3.600 são identificadas pelo nome”, consta do comunicado. “A comparação com os documentos mantidos no arquivo da Comunidade Judaica de Roma indica que 3.200 certamente eram judeus.”

“Destes [3.200] sabe-se onde estavam escondidos e, em certas circunstâncias, onde viviam antes de serem perseguidos”, continua o texto. “A documentação, portanto, eleva significativamente a informação sobre a história do resgate de judeus no contexto das instituições católicas de Roma.”

As instituições alegam que não revelarão os nomes das listas para proteger a privacidade dos envolvidos e de seus descendentes.

Roma esteve sob ocupação nazista

 

A capital italiana foi ocupada pelos nazistas por nove meses entre 1943 e 1944. Nesse período, segundo o comunicado, cerca de 2.000 judias e judeus – de um total de 10.000 a 15.000 que viviam na cidade – foram deportados e assassinados.

Aproximadamente 8.000 judeus italianos perderam a vida no Holocausto.

Antes mesmo da ocupação nazista, em 1938, o regime fascista de Benito Mussolini introduziu leis antissemitas que impuseram a segregação da população judaica local.

Papel controverso da Igreja Católica na Segunda Guerra

 

O papel da Igreja Católica na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) continua controverso. O Papa Pio 12, que comandou a instituição de 1939 a 1958, foi acusado por críticos de agir com indiferença ao Holocausto e silenciar sobre os malfeitos de Hitler e Mussolini. Já seus apoiadores afirmam que o homem agia nos bastidores para salvar judeus e outros perseguidos.

Redação GOYAZ

Redação: Telefone (62) 3093-8270

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