Médico que atua em Goiânia alerta sobre crescimento de doença cardíaca e AVC
Estudo mostrou que 6 em cada 10 adultos podem ser afetados por estas enfermidades nos próximos 30 anos o que aumentará custos dos investimentos em saúde
O aumento projetado de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais (AVC), que também acabam por incluir fatores de risco como hipertensão e obesidade, deve triplicar os custos relacionados aos investimentos na saúde de governos até 2050. Um exemplo foram os dados divulgados em dois avisos presidenciais da American Heart Association (AHA), publicados na revista AHA Circulation, dos Estados Unidos.
Quem explica é o médico intensivista e nutrólogo José Israel Sanchez Robles, que atua em Goiânia, ao relembrar que as doenças cardiovasculares incluem condições como doença coronariana, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, doença vascular, defeitos cardíacos congênitos, AVC e hipertensão. “O estudo prevê um aumento significativo na prevalência da hipertensão arterial entre a população dos Estados Unidos, de 51,2% em 2020 para 61% até 2050. Este crescimento acentuado destaca a hipertensão como um fator de risco crítico para doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC), enfatizando a necessidade urgente de intervenções eficazes e estratégias de manejo clínico para controlar a pressão arterial elevada e mitigar suas consequências para a saúde pública”, completou o especialista.
José Israel também reiterou as declarações das autoridades sobre a pesquisa, destacando que, na última década, houve um aumento significativo nos fatores de risco cardiovascular, como hipertensão descontrolada, diabetes e obesidade. Estes fatores elevam os riscos de desenvolver doenças cardíacas e AVC. “Não é surpreendente que isso gere um problema econômico e social considerável”, afirmou.
Ainda sobre o estudo publicado, os pesquisadores projetam que 15% da população desenvolverá doenças cardiovasculares até 2050, comparado aos 11,3% em 2020, incluindo uma duplicação das taxas de AVC. A obesidade, outro fator crítico, deve crescer de 43,1% para 60,6% da população, com o maior aumento entre adultos de 20 a 64 anos devido a dietas não saudáveis. A taxa de diabetes também deve subir de 16,3% para 26,8%.
“As tendências são igualmente preocupantes entre crianças e jovens. Projeções indicam que, até 2050, a obesidade vai afetar um terço de todas as crianças, representando um aumento substancial em relação aos 20% registrados em 2020. Os maiores incrementos são esperados entre crianças de 2 a 5 anos e de 12 a 19 anos, devido à persistência de níveis insuficientes de atividade física e dietas inadequadas”, pontuou o médico intensivista.
De acordo com José Israel, as projeções apontam para um aumento substancial nas doenças cardiovasculares entre populações hispânicas, asiáticas e multirraciais. “Estima-se que adultos negros apresentem as maiores taxas de hipertensão, diabetes e obesidade, além de elevados índices de sono inadequado e dietas deficientes. Paralelamente, crianças hispânicas estão projetadas para ter as maiores taxas de obesidade, hipertensão e diabetes,” destacou.
Alguns dos motivos para esse aumento, segundo o especialista, são devido às mudanças demográficas e fatores socioeconômicos. “Grande parte da desigualdade em doenças cardiovasculares e fatores de risco permanece atribuída a fatores socioeconômicos e falta de acesso a cuidados de saúde”, afirmou.
José Israel alerta que, para enfrentar esses dados alarmantes, é crucial que tanto os governos quanto a população se conscientizem sobre a adoção de hábitos saudáveis. “Embora muitas pessoas não tenham acesso ao básico da saúde, é fundamental que haja suporte público. Esse incentivo abrange desde a promoção de uma alimentação saudável, com produtos frescos e nutritivos, até a prática regular de exercícios físicos, que frequentemente não requerem grandes investimentos,” conclui o médico.