No Vaticano, Haddad tentará apoio do Papa para proposta de taxação de super-ricos
Ministro quer encontro com pontífice durante passagem por Roma; encontro também pretende reforçar mensagem de centrais sindicais sul-americanas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viajará para o Vaticano na próxima semana, onde tem agendas com ministros de economia e também participará do workshop “Enfrentando a crise da dívida no Sul Global”, promovido pela Pontifícia Academia de Ciências Sociais. Na ocasião, Haddad tentará uma reunião com o Papa Francisco para pedir apoio à proposta de taxação de super-ricos.
A proposta brasileira tem sido discutida no âmbito do G20. França, Espanha, Alemanha e África do Sul já discutiram com o Brasil um plano que exigiria que os multimilionários pagassem impostos no valor de pelo menos 2% da sua riqueza total todos os anos.
Contudo, a ideia tem enfrentado obstáculos nos Estados Unidos e em outros países. A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, disse se opor a uma proposta de imposto global sobre a riqueza dos bilionários.
Assim, uma manifestação de apoio do Papa Francisco poderia convencer líderes mundiais a se juntar à proposta brasileira. O modelo, que vem sendo desenhado pela equipe de Haddad em conjunto com a vencedora do prêmio Nobel de Economia Esther Duflo e pelo economista Gabriel Zucman, consiste em criar um sistema tributário internacional ao qual os impostos corporativos teriam uma alíquota de 15%.
Os valores recolhidos seriam direcionados a um fundo, que também contaria com a tributação de bilionários ao redor do mundo. A ideia é ter um aporte de US$ 500 bilhões com essas taxações e os valores seriam revertidos para o combate a mudanças climáticas e à pobreza, além do financiamento de projetos voltados ao meio ambiente.
A previsão é de que o chefe da equipe econômica embarque de São Paulo para Roma no dia 3 de junho, às 14h. No dia seguinte, Haddad tem um encontro com o ministro da Economia da Itália, Giancarlo Giorgetti, às 16h, e na sequência, às 18h, com a ministra das Finanças da Indonésia, Sri Mulyani Indrawati.
O ministro volta ao Brasil no dia 5 à noite, mas a agenda antes do embarque ainda está em aberto.
Centrais sindicais do Sul apelam ao Papa. O encontro também pretende reforçar uma carta, enviada pelo líder do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, ao Papa, para pedir que o pontífice apoie a taxação de bilionários. O texto explica ao cardeal a proposta brasileira e pede o apoio público dele. O texto também é assinado por centrais sindicais de diversos países da América Latina, como Peru, Argentina e Bolívia.