NY Times: Bolsonaro buscou abrigo na embaixada da Hungria após ter passaporte apreendido pela PF; entenda e veja fotos
Jornal teve acesso a imagens de câmeras internas da embaixada em Brasília que mostram o ex-presidente
Uma reportagem do The New York Times publicada nesta segunda-feira (25) mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se abrigou na embaixada da Hungria, em Brasília. Ele passou duas noites no local entre 12 e 14 de fevereiro, logo após convocar apoiadores para um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, no fim daquele mês.
A ida à embaixada do país europeu atualmente governado pelo político de extrema direita Viktor Orbán ocorreu quatro dias após Bolsonaro ter seu passaporte apreendido pela Polícia Federal no âmbito da investigação sobre tentativa de golpe de Estado, ação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O jornal americano teve acesso às filmagens das câmeras de segurança da embaixada que mostram o ex-presidente chegando ao local no dia 12 de fevereiro, quatro dias após a deflagração da operação Tempus Veritatis que investiga a tentativa de golpe de Estado para Bolsonaro permanecer no poder em 2022.
Além desta investigação, a PF tem ainda outras duas linhas de investigação que atingem diretamente o ex-presidente e seus aliados e estão em estágio avançado: sobre a fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e sobre desvio de dinheiro de presentes recebidos por Bolsonaro de chefes de Estado de outros países quando era presidente.
Como a embaixada é oficialmente um território de outro país, Bolsonaro não poderia ser detido por autoridades brasileiras enquanto estivesse abrigado lá.
Segundo o jornal, Bolsonaro ficou dois dias na embaixada, em pleno período de Carnaval, momento em que o edifício estava esvaziado. Ainda segundo o NYT, no dia 14 de fevereiro os diplomatas da embaixada contataram a equipe brasileira e pediram para eles trabalharem de casa pelo resto da semana, sem dar nenhuma explicação a respeito.
Na reportagem o jornal afirma que teve acesso a três dias de filmagens do circuito interno da embaixada, que funciona em uma casa de alto padrão em Brasília. As imagens mostram Bolsonaro chegando de carro com uma equipe de dois seguranças e indicam que ele teria ficado hospedado em um apartamento destinado à visitas. Minutos antes dele chegar, os vídeos mostram o embaixador do país no Brasil, MIklós Halmai teclando no celular.
As imagens ainda mostram, segundo o jornal, que Bolsonaro teria ido para os apartamentos de visitantes e que a equipe da embaixada teria ido várias vezes ao local para levar itens como roupas de cama, água e máquina de fazer café. As imagens também mostram Bolsonaro conversando com seus seguranças na garagem na embaixada e seus seguranças saindo para ir buscar comida para ele.
O NY Times tentou contato com o advogado de Bolsonaro e com a embaixada, mas nenhum dos dois comentou o caso. O Brasil de Fato procurou o advogado do ex-presidente, que não retornou os contatos e nem atendeu ao telefone, e também enviou e-mail para a embaixada da Hungria em Brasília, mas ainda não obteve retorno. Após a reportagem repercutir em toda imprensa brasileira, os advogados de Bolsonaro divulgaram uma nota afirmando que ele esteve na embaixada a convite para “manter contatos com autoridades do país amigo”. Confira a íntegra da nota abaixo:
“O ex-Presidente da República, Jair Bolsonaro, passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília para manter contatos com autoridades do país amigo
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Como é do conhecimento público, o ex-mandatário do país mantém um bom relacionamento com o premier húngaro, com quem se encontrou recentemente na posse do presidente Javier Milei, em Buenos Aires. Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações.
Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news.”