A criação de uma base avançada permanente na Lua é algo que a NASA pretende realizar até o final desta década, posteriormente chegando a Marte. Incluir animais nessas colônias fora da Terra pode ser essencial para a sobrevivência dos humanos que fizerem parte dos acampamentos espaciais.
Neste sentido, a comunidade científica já discute quais animais serão os primeiros a viver na Lua e em Marte, acompanhando os astronautas. Em entrevista à Live Science, o astrobiólogo da Universidade de Washington (EUA), David Catling, disse que será preciso superar um importante obstáculo para a escolha.
Trata-se da gravidade diferente, que pode afetar os animais de diversas maneiras, impedindo-os de andar corretamente, por exemplo. Vale destacar que a gravidade na superfície lunar equivale a um sexto da terrestre, enquanto no Planeta Vermelho ela chega a um terço da nossa.
O cientista planetário da NASA, Christopher McKay, pensa de forma semelhante. Para ele, a melhor opção seria ver os animais se desenvolvendo na Lua e em Marte, já com as colônias estabelecidas. Porém, não há qualquer tipo de dado sobre isto no momento, tornando o experimento arriscado.
Animais aquáticos e insetos
Diante deste cenário, McKay especula que a escolha por animais aquáticos pode ser interessante. Sustentados pela flutuabilidade, eles não seriam tão impactados pela gravidade reduzida, além de produzirem uma quantidade menor de resíduos, servindo como importante fonte de alimentação.
O envio de ovos de peixes para incubação programada no espaço tem sido estudado desde 2019 pelo programa Lunar Hatch. Em uma das etapas, ovos de robalo sobreviveram a uma simulação de missão em órbita baixa, mas ainda não se sabe os impactos de uma viagem mais longa.
Também já foi mencionada a possibilidade do envio de insetos junto com os astronautas. Um estudo feito por universidades australianas e francesas, em 2020, destacou os grilos como a espécie mais viável, pois oferecem boa quantidade de proteínas e exigem menos esforços para a criação.
Além disso, outras espécies de insetos poderiam desempenhar papéis importantes em colônias na Lua e em Marte, trabalhando na polinização, na limpeza de detritos e no cultivo do solo. Em eventuais problemas nas colheitas, também serviriam como alimentos.
Crustáceos e tardígrados também estão na lista
A lista de animais que poderiam integrar bases humanas nas superfícies lunar e marciana inclui, também, os crustáceos. Espécies como os camarões são facilmente cultiváveis em ambientes pequenos, garantindo a alimentação dos astronautas de maneira eficiente, segundo Catling.
No caso específico da colônia humana na Lua, outro candidato a ser incluído na missão é o tardígrado. A criatura minúscula demonstrou uma grande capacidade de resistir a condições extremas de temperatura e até à radiação, além de ter sobrevivido ao vácuo do espaço — pesquisadores planejam reproduzir tais características em diferentes organismos.
